Talvez não tanto, mas um poderoso baú…
Fotografia retirada daqui
Foi há quase um ano. Digo quase porque ainda faltam uns dias, embora – confesso – não saiba o dia ao certo. Foi o dia da sandes de queijo fresco em pão de sementes. Foi o dia das primeiras partilhas. O dia dos primeiros conselhos. Foi o dia das primeiras lágrimas. O dia em que o véu se desenrolou pela primeira vez e mais mistério daí veio. O dia em que percebemos que podíamos dizer tudo – ou quase. E soube-nos tão bem a liberdade das palavras. Soube bem poder confiar. Algo que nessa altura parecia impossível. Lembras-te?
Foi o dia em que me contaste o que lhe ias oferecer para os anos. Foi o dia em que me disseste que querias arriscar. Foi o dia em que, na verdade, tudo começou.
Foi o dia em que te disse que independentemente de tudo nunca iria sair dali, daquele canto que “me rouba” todas as semanas. Foi o dia em que assumi que nada nem ninguém me ia tirar isso. Era quase como que a pouca coisa que ainda me dava prazer.
E agora tenho pena, tenho saudades. Porque sem saber como fui-me afastando mais e mais. E apesar de estar presente, não estou. E apesar de querer tudo dali já pouco tenho.
Preciso de sair daqui. Preciso de, por uns dias, esquecer que o mundo existe. Esquecer que todos existem e ser egoistamente só. Precisava da paisagem em volta, do lenço ao pescoço, de não ter telemóvel ou internet. Precisava de estar sozinha só um bocado. Só até cair em mim. Só até me lembrar da falta que tudo me faz. E tanta gente há que não preciso de lembrar, mas sim sentir.
Tenho saudades dos dias em que saía de casa e regressava de rastos. Dos dias em que só o desconforto, o frio, a chuva me faziam desesperar. Do tempo em que um raio de sol era motivo para sorrir. Do tempo em que estar à volta de uma fogueira era o apogeu do dia. Saudades de andar. Saudades de me perder. Saudades de discutir por coisa nenhuma e no fim sorrir pelo disparate que foi. Saudades de construir o efémero, mas dali sair orgulhosa. Lembras-te?
Foi há quase um ano. E num ano… O tanto que mudámos. O tanto que aprendemos. O tanto que vivemos. O tanto que chorámos e nos apoiámos quando mais ninguém sabia o que ia cá dentro. O tanto que nos revoltámos e só nós sabíamos o como e o porquê. O tanto que aguentámos. O tanto que fomos Felizes… Lembras-te?
Foi há quase um ano… E num ano… Tanto que ficou – e está a ficar – para trás…
(Se agarrares a minha mão, se me ajudares a voltar…)
Preciso assim de estar sozinha. Tartaruga… Depois vou precisar muito de ti… Vens?
Beijinho,
Pekenina
P.S.- Todos temos direitos a um dia um pouco mais depressivo, sim?